A vida é uma peça de teatro que .... Situações do cotidiano quase psicótico que vivemos dentro de uma caixa preta que somos todos misteriosamente viciados.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

UM DIÁLOGO IMPROVÁVEL

-Então, gente, consegui uma pauta. Vamos estrear!

- Quando ?

- Mês que vem.

- Então... É que eu tenho uns projetos... e acho que não vou poder fazer a temporada.

- Mas nós ensaiamos quatro meses !

-É...mas realmente não posso fazer a peça.

-Mas porque você ensaiou tanto tempo, meu Deus ?

-Foi mal, não fique chateado, mas realmente tô a fim de ver uns lances meus. Mas assim... quando tiver um outro lance pode me chamar... mas que não tenha essa coisa de me prender , entende ?

- Claro. Quando eu tiver uma peça que eu tenha certeza que NUNCA vai estrear, eu te convido.

...

FORÇA NA PERUCA


















LANCELOT E SUA PERUCA

O espetáculo ainda era Rei Arthur, e o ator que fazia o Lancelot ( @christiangsimon ) , usava uma peruca de longas madeixas loiras, que voavam durante as seríssimas cenas de luta. Numa das cenas mais sérias de Lancelot, onde o personagem decide ir com Arthur enfrentar os vilões, ele desembainha dramáticamente sua espada e a ergue com o texto decidido:

_ Não Arhtur, eu vou com você !

Acontece que o bonito, ao desembainhar sua espada e ergue-la prende o cabo na sua peruca que voa lindamente pelo cenário deixando o íntegro Lancelot de" touquinha de meia". Depois de minutos de risadaria, eu só consigo mandar:

_ Pegue sua peruca e vamos Lancelot ! ( saimos de cena para rir copiosamente )




JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO

Eu era João ( o do pé de feijão ), e estava em cena com um homem do povo que me vendia feijões milagrosos. Exibia uma linda cabeleira negra com uma franja muiiito emo. Na cena onde digo com firmeza ao tal homem:

- Sim. Vou comprar os feijões !

A cabeça de afirmação foi muito veemente, tão veemente que voou meu chapéu e junto minha linda franja emo, revelando a reluzente CALVA do pequeno João...

EU QUERIA MORRER !!!!!


PRINCESA JASMIN

Maravilhoso foi num musical das Princesas, onde a linda bailarina que dançava um número com Aladdin, fazia voar seu longo rabo de cavalo ( preso com um grampinho ), pra lá e pra cá.... e numa linda pirueta, o rabo de cavalo voa com tanta força que acerta uma outra atriz na coxia. Ouvimos uma voz rouca dizendo :

_ Ai !

Só nos bastou dizer :

_Silêncio na coxia !!!


quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perdeu Rei Arthur !

A peça era REI ARTHUR, e eu fazia o próprio. Eu trabalhava a mais de quatro anos na mesma cia, um grupo de amplo repertório que se apresentava de terça a domingo num shopping do Rio de Janeiro.

Já era a "quinquagésima" vez que apresentávamos aquele espetáculo, e como sempre, terminava com o discurso dramático de Arthur para tirar a espada excalibur da pedra e vencer o vilão, se tornar rei etc etc etc.

Neste dia, algo mágico aconteceu, pelo menos na cabeça do ator que fazia o tal vilão. No momento em que Arthur atravessa o peito do cara com a espada excalibur ( depois do texto dramático, da trilha emocionante etc etc etc), o doido me olha nos olhos e manda a pérola em tom seríssimo:

_ Não Arthur. Dessa vez não ! ( neste momento ele começa uma luta de improviso e literalmente da uma coça no rei da Bretanha e lider da távola redonda, como se estivesse numa eliminatória de luta livre ).

Eu penava durante a cena : E agora como esse cara morre ? Vou ter que colocar veneno na comida ?

Até hoje não sabemos o que deu no ator, mas sei que naquele dia o mito britânico veio abaixo e perdeu uma uma luta que só faltou mesmo um texto para finalizar : Perdeu Playboy !!!!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

AINDA SHAKESPEARE !

Essa o Danton Mello me contou.

Danton fazia Romeu numa montagem, e numa das cenas de duelo, a cena em que Romêu luta com Páris, o ator que fazia Páris esqueceu de levar para a cena o florete ou espada que usaria no duelo. Ele só percebeu em cena depois de lançar um desafio estremecedor. Os atores se olham e percebem que terão de improvisar uma luta, com um sem a espada. Romeu, então saca a sua espada e golpeia mortalmente Páris sem nem dizer uma palavra, sem sair do lugar. Rápido, errante, covarde...o Romeu !!!

A "PEXÊRA" DE MEU PAI

Shakespeare, as vezes tem motivos suficientes para tremer no túmulo com algumas das montagens suicidas, que tem a boa intenção de “homenagear” o autor. Mas como sabemos, de boa intenção o inferno... Nessa montagem específica em que trabalhei no ano... não sei mais... o espetáculo era Romeu e Julieta, e o pano de fundo para a história dos amantes era Juazeiro do Norte. A versão nordestina da história com direito a participação do próprio autor que vinha reclamar os direitos autorais a Padre Cícero, que iniciava a narrativa, uma loucura. O fato é que o candango que fazia o romeu esquecia SEMPRE, de trazer consigo, para a cena da morte, uma tal peixeira que serviria de arma para o suicídio de Julieta, que era dignamente interpretada pela amiga Ronize Carrilho. Ai começa a maior loucura !!! Julieta acorda e procura desesperadamente uma maneira de “ir” até seu amado e não enconta nada. A atriz vai ficando cada vez mais nervosa, o elenco olha pela coxia e não vê como ajuda-la, então Ronize alcança um abacate no cenário e nus gesto rápido bebe o abacate tentando fazer a plateia entender que era um vidro ( verde e enorme ), de veneno. Ela grita com desespero na voz : Adeus para tanto ódio !!! E morre ... de vergonha.

Claro que a coisa não para por ai. Numa outra apresentação o desgraçado esquece novamente a maldita faca e a atriz não acredita estar passando por aquilo novamente. Dessa vez ela não recorre ao abacate , pois este esta longe dela. Julieta, vertendo lágrimas de sangue, e querendo matar de verdade o infeliz do ator que estava deitado a sua frente, junta as mãos, se odiando, e dá um SOCO na boca do próprio estômago. ...

Adeus para tanto ódio !!! ( e morre com um soco no estômago )


Parece brincadeira, mas dias depois o infeliz do ator esqueceu novamente ! Desta vez , escolada, a atriz procura calmamente a tal faca, e ao não encontra-la, ensaia um meio sorriso e diz :

Julieta – Eu sabia que você não ia deixar uma maneira de me juntar a você... por isso eu trouxe: ( Julieta saca um punhal de dentro do vestido ) A "pexêra" de meu pai !!! ADEUS PARA TANTO ÓDIO !!!!

terça-feira, 18 de maio de 2010

A ATRIZ E O CIGARRO
























O ano era 1999, eu e o grupo que trabalhava ensaiava um musical com quase 30 pessoas. Uma colagem de números musicais de peças da broadway, o espetáculo estreou no teatro ipanema em curtíssima temporada( apenas o tempo suficiente para entendermos que a peça não era comercial e não daria uma pessoa).

Um dos números musicais se chamava "o indiferente" e era, originalmente uma cena do musical "Sweet Charity". Neste número que representa uma boate dos anos 70 com um povo esnobe e esquisitão, todos os homens fumavam enquanto dançavam com suas parceiras. Claro que não ensaiamos um dia com o tal cigarro, apenas a menção ao elemento, ou uma caneta, nos servia de apoio. Uma das atrizes que cantava quase a peça toda, fazia esse número como bailarina e era muito alérgica a cigarros. A pobre não entendeu que a menção nas nossas mãos não era apenas uma menção e só descobriu na estreia, onde na coxia, segundos antes de entrarmos em cena, os 15 rapazes ascenderam seus cigarros, gerando uma enorme onda de fumaça. A menina sussurrava em tom de desespero para nós: Porque isso ? porque vocês estão fazendo isso comigo ?!!! eu não vou conseguir cantar! por favor apaguem os cigarros !!!!

Entramos em cena ! A atriz vertia lágrimas enquanto dançava "o indiferente" pensando em todos os seus solos que vinham a seguir...

Sobre ela ter ou não conseguido cantar....ela realmente era MUITO alérgica!

O LOBO E O DEFICIENTE !!!!









Essa aconteceu com meu amigo Daniel Müller(@danielteatro) trabalhávamos numa CIA de Teatro Infantil( lugar onde aconteceram os absurdos maiores ). Neste dia, Daniel cometeu as suas 2 maiores gafes da história. Ele tinha uns 14 anos e era a sua segunda peça de teatro, “Os três Porquinhos”. Fizeram uma apresentação beneficente para um orfanato e Daniel fazia o papel de Lobo Mau.

As crianças, com raiva do Lobo, sempre gritavam “feio!feio!”, e ele se esqueceu de que, nesse dia, não era o público usual ali, mas sim órfãos, e respondeu com a piadinha que sempre usava nessa situação: “sou muito bonito, minha mãe me diz isso todo dia!” A platéia emudeceu. A direção do teatro pediu que, ao final, fizessem uma brincadeira no palco com as crianças, ao som de músicas. Era Daniel quem comandava, e existia uma deixa para o operador de som soltar a música: “Todo mundo pulando!”

No meio da brincadeira ele interpelava as crianças, perguntava alguma coisa para elas. Vendo uma criança com uma armação de ferro entre as pernas, inocentemente perguntou: “o que é isso?”

E a criança, com brilho nos olhos e muito feliz, por estar ali: “É que eu não tenho o osso da bacia, e sem esse aparelho eu não consigo andar!”.

Imediatamente arrependido de ter colocado o menino em evidência, Daniel só queria mudar o foco da atenção, enquanto pensava também no quanto era legal aquele menino estar tão feliz, então soltou a pérola: “Que legal! Todo mundo pulandoooo!”